Avança a Autoestrada Ferroviária: Miguel Cruz explica ao POLITICO o impacto europeu

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A Infraestruturas de Portugal e a ADIF têm desenvolvido um trabalho conjunto para eliminar barreiras transfronteiriças e simplificar as operações ferroviárias, numa estratégia destinada a reforçar as ligações ibéricas.

As primeiras viagens de teste de um potencial serviço de Autoestrada Ferroviária entre Portugal e Espanha decorreram nos dias 29 de outubro e 21 de novembro, marcando um passo decisivo no reforço da competitividade logística do corredor ibérico. Estes ensaios abrangeram o itinerário entre os terminais ferroviários de Madrid-Abroñigal e o TVT (Medway Terminals), no Entroncamento, numa operação conduzida pelos operadores MEDWAY e Tramesa, com o apoio da Infraestruturas de Portugal (IP) e da Adif.

Em declarações ao jornal POLITICO, Miguel Cruz, presidente da IP, explica que este projeto "está inteiramente alinhado com os objetivos de transporte da União Europeia e com a arquitetura da rede TEN-T”. Segundo o responsável, a IP e a ADIF, a sua congénere espanhola, “têm desenvolvido um trabalho conjunto para eliminar barreiras transfronteiriças e simplificar operações ferroviárias”, numa estratégia destinada a reforçar as ligações ibéricas.

No que concerne à cooperação técnica e operacional, sublinhou que os dois gestores de infraestrutura estão "focados em remover estrangulamentos técnicos e procedimentais que ainda condicionam o tráfego ferroviário entre Portugal e Espanha”. Miguel Cruz salienta também “a evolução na implementação dos sistemas de navegação ERTMS e ETCS, a harmonização de procedimentos operacionais para maquinistas e o reforço da cooperação nas ligações de alta velocidade e na interoperabilidade”.

Ambiente, rigor regulatório e impacto estratégico

A iniciativa será acompanhada por um modelo de avaliação de impacte ambiental “muito rigoroso”, em linha com as regras da taxonomia europeia, assegura o responsável: “A análise custo-benefício desta fase piloto será determinante para decisões de expansão futura”, acrescentando que o objetivo é integrar “soluções logísticas mais amigas do ambiente e competitivas”. A Autoestrada Ferroviária promete reduzir emissões, aliviar a pressão sobre o sistema rodoviário e criar um corredor logístico ibérico mais competitivo. A operação consolida ainda os objetivos de transferência modal presentes tanto na estratégia nacional como na política europeia para o setor dos transportes.

Financiamento europeu como alavanca

A finalizar, o presidente da IP explicou que o financiamento da União Europeia foi “essencial” para viabilizar esta fase de testes e continuará a ser determinante à medida que Portugal avalia a extensão do serviço aos portos de Setúbal e Sines, através do Corredor Internacional Sul — com potencial ligação à rede de mobilidade militar europeia. O apoio comunitário “transmite confiança estratégica, reduz o risco do projeto e ajuda a atrair investimento privado”, concluiu.